Esta semana entrou em operação no Porto de São Sebastião um sistema de monitoramento que permite identificar possíveis alterações nas estruturas do cais em tempo real. A Companhia Docas São Sebastião (CDSS) investiu R$ 300 mil na tecnologia francesa da empresa Osmos por um contrato de dois anos de implantação e monitoramento.
São sete sensores colocados ao longo de todo o cais (cinco berços existentes), inclinômetro, anemômetro (que calcula a velocidade do vento), dois sensores de temperatura e câmeras de monitoramento. Foram 45 dias para a implantação de todo o sistema.
Segundo explicações do diretor de Gestão Portuária, Paulo Rogério de Souza Almeida, essa tecnologia já é utilizada em pontes, edifícios, estádios, túneis, torres como a Eiffel, em Paris, e pela primeira foi instalada em um dos portos brasileiros.
O cais do Porto de São Sebastião é antigo, datado de 1934, e o presidente da CDSS, Frederico Bussinger, entende que essa é uma excelente oportunidade para analisar qual a situação dessa estrutura e se ela passa por algum tipo de movimentação.
“Com a dragagem de manutenção do cais portuário que vai aumentar a profundidade para 10 metros, os técnicos também tiveram a oportunidade de analisar todas as estruturas dos berços”, disse Bussinger. Segundo ele, esse trabalho deve ser concluído no final de dezembro.
Pelo computador do diretor Paulo Rogério é possível não só ver as imagens da região portuária, mas acompanhar os indicadores em toda a sua estrutura. “Qualquer abalo sísmico pode ser identificado através dessa tecnologia e os técnicos, que ficam na França, nos avisam imediatamente se for identificado algo de anormal”.
Ontem, durante demonstração do sistema de monitoramento, a movimentação girava em torno de 0,006 milímetros, enquanto o sistema de alarme dispara de chegar a 6 milímetros. O próximo passo é fazer a checagem quando um navio de carga atracar no Porto, assim como outras embarcações. Um detalhe interessante desse sistema, de acordo com o diretor de Gestão Portuária, é que na iminência de tremores e terra e no mar, também é passível de ser monitorado pelo sistema Osmos, sendo que todos os dados são detectados e armazenados.
Na avaliação de Paulo Rogério, esse sistema também será fundamental para certificação da implantação do ISPS Code, código de segurança da Organização Marítima Internacional.
Controle prolongado
A empresa representante do sistema no Brasil, a Euroconsult-Osmos, esclarece que o sistema de monitoramento de estruturas oferece um controle em longo prazo que registra o comportamento real da estrutura graças a sensores com tecnologia de fibra óptica instalado sobre ela.
Permite ainda averiguar indistintamente os efeitos estáticos e dinâmicos com o mesmo equipamento. As modificações de forma e posição podem controlar com uma precisão máxima de 1/1000 mm. “O comportamento da estrutura controlada pode ser antecipado com a realização desse monitoramento. Os dados são registrados e se mostram em tempo real”, aponta a empresa.
Ainda segundo a Euroconslut-Osmos, a empresa dispõe da tecnologia necessária para criar um documento histórico sobre o comportamento estrutural de um conjunto de pontes a nível estático e dinâmico. Com esse sistema é possível definir dito comportamento baseando-se em critérios objetivos.
Esse sistema de monitoramento proporciona a otimização da manutenção das estruturas minimizando os problemas de interrupções para intervenções, melhorando a segurança da estrutura e de seus usuários, otimizando os recursos econômicos e facilitando o planejamento da manutenção.
Publicada no Jornal Imprensa livre, em 01/12/2010 – http://www.imprensalivre.com.br